EPÍSTOLAS DA PRISÃO III

Posted by cerp On sexta-feira, 17 de maio de 2013 0 comentários

Assunto: Filipensens e Colossenses
Texto base: O Novo Testamento - Sua origem e análise - MERRIL C. TENNEY;  História da Literatura Cristã Primitiva - Introdução ao Novo Testamento - PHILIPP VIELHAUER
Propósito: mostrar a apologética paulina frente aos heréticos de sua época, que procuravam assaltar a mentalidade da igreja gentílica nas regiões da macedônia e da Frígia.

1) Pano de Fundo
a) A igreja na cidade de Colossos: localidade da Frígia, interior asiático, cidade decadente  nos tempos de Paulo. O apóstolo não havia visitado Colossos conforme nos mostra sua afirmação em Cl. 2.1. Epafras foi seu evangelizador (1.7), enquanto Paulo pregava em Éfeso.
b) A igreja na cidade de Filipos: Fundada na segunda viagem missionária, esta igreja se caracterizava por forte presença feminina, a qual exercia liderança na igreja (4.2-3). A igreja sustentou Paulo no início de seu ministério na macedônia. Com a prisão de Paulo em Roma, mais uma vez a igreja se associou a Paulo com donativos para suprir suas necessidades (4.10-14). Tais donativos foram levados por Epafrodito, que também foi quem levou esta epístola para a igreja de Filipos (2.25-29)

2) Heresias:
a) Em Colossos: cidade localizada na rota comercial entre oriente e ocidente, trazia transportados para Roma produtos comerciais e religiões do oriente. Sendo a cultura religiosa da cidade frígia altamente mística e emotiva, isto gerou uma heresia peculiar dentro da igreja cristã. Esta heresia caracterizava-se por elementos tais como:
- uma filosofia baseada num saber secreto de antigas tradições, não sendo a filosofia legítima que parte do pensamento crítico e racional (2.8). Esta filosofia permitia um conhecimento místico da Deidade, arrebatando a igreja com novas idéias, como ascetismo (2.18,20,21), adoração dos anjos que eram intermediários entre Deus e os homens (2.18), abstinência alimentar e observância de festas e cerimônias (2.16).
- um legalismo judaico resultante do contato com a população judaica da Ásia menor (2.11,17) .
- uma supervalorização dos seres cósmicos do universo, poderes que interagiam na obra da salvação  (2.15,18).

Quem seriam os heréticos? Segundo Vielhauer  os elaboradores e propagadores não eram nem gentios nem judeus, mas eram cristãos que se intitulavam os verdadeiros cristãos.

A resposta paulina foi uma apresentação positiva da pessoa de Cristo, sublinhando que todas as filosofias, poderes espirituais, observâncias e restrições cerimônias eram secundários em relação à preeminência de Cristo. Por isso, a epístola aos colossenses é a epístola da supremacia de Cristo, sendo Ele preeminente na criação, na redenção, na igreja e na vida pessoal (1. 15-19; 2.9).

b) Em Filipos: dentro da igreja filipense parecia não existir qualquer heresia que exigisse ação disciplinar. Os judaizantes aparecem mais como um perigo potencial do que presente (3.2). Paulo buscar mais direcionar pastoralmente a caminhada celeste dos filipenses (3.17-21) do que refutar erros doutrinários, apesar de usar linguagem veemente.

Paulo fala aos filipenses basicamente sobre dois temas:
- o primeiro, o EVANGELHO.
Em 1.5 "comunhão no evangelho" (texto grego), 1.7  "confirmação do evangelho", 1.12 "proveito do evangelho", 1.16 " defesa do evangelho", 1.27 "conforme o evangelho", 1.27 " fé do evangelho", 2.22 "serviço do evangelho" (texto grego), 4.3 "trabalho no evangelho", 4.15 "princípio do evangelho".
O termo Paulo designava como: um corpo de fé, uma mensagem, esfera de atividade delimitada pela pregação.
Sua essência exprime dois aspectos: em 2.8 é o aspecto histórico ou objetivo, a boa nova de que Cristo morreu pelos homens; em 3.9 o aspecto pessoal ou subjetivo, assegura que os homens podem possuir a justiça de Cristo perante Deus.

- o segundo ALEGRIA.
Na prisão Paulo corria o risco de execução súbita, no entanto sem qualquer pessimismo na epístola, Paulo se alegrava: 1.3, ao lembra-se dos filipenses; 1.18, por Cristo ser pregado; 2.2, pelo crescimento em humildade de seus seguidores; 2.17, pelo seu sacrifício pessoal por amor a Cristo; 4.10, pelos donativos e boa vontade dos seus amigos.

IMPORTANTE: Filip. 2.5-11 e 3.2-15 são os trechos de maior relevância na epístola. Respectivamente exprimem a suprema obediência de Cristo à vontade do Pai e a suprema paixão de Paulo, servo que queria atingir o objetivo de ser tal qual Cristo. Com o exemplo de Cristo e o seu próprio, Paulo exemplifica aos filipenses a natureza da humildade a ser vivenciada.

3) Resultados do encarceramento de Paulo
* Seu ministério continuou junto às igrejas, por meio de epístolas e por seus auxiliares;
* As epístolas da prisão trazem revelação preciosa pelo tempo que a reclusão forçada, proporcionou a Paulo para oração e contemplação.
* O apelo feito a césar por sua parte, levou o cristianismo a ser considerado pelos romanos como fora do estandarte do judaísmo, podendo progredir fosse legalmente, ou demonstrando o seu poder caso considerado ilegal.

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